Serra do Amolar: o que incêndios têm colocado em risco no santuário do Pantanal
Considerada Patrimônio Natural da Humanidade, a Serra do Amolar é corredor para onças-pintadas e abrigo para espécies de flora única. Brigadistas brasileiros estão na Bolívia em combate ao fogo para impedir o avanço para a formação rochosa, no Pantanal. Densa camada de fumaça transforma paisagem da Serra do Amolar
Barreira natural para o fluxo das águas, a Serra do Amolar é considerado um Patrimônio Natural da Humanidade e apresenta uma variedade de terrenos e paisagens que se diferem completamente de todo o restante do bioma pantaneiro. O que antes podia ser visto de longe, atualmente está encoberto pela fumaça das queimadas.
No vídeo acima, é possível ver a densa camada de fumaça sobre toda a Serra do Amolar. As imagens foram captadas de monitoramento feito 24h por dia por um sistema do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), ONG que atua na conservação do bioma.
O fogo na Serra do Amolar começou no fim de semana e, no domingo (8), brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram para a Bolívia, país vizinho ao Brasil, para combater os incêndios que ameaçam o local.
Formado por 80 km de extensão de morros, que chegam a ter quase 1 mil de altitude, o território possui áreas com características de Mata Atlântica, do Pantanal e de Amazônia, o que resulta em uma rica biodiversidade. Localizada em Corumbá (MS), só é possível chegar na Serra do Amolar através do rio Paraguai ou então por meio aéreo.
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Entre os ameaçados pelo fogo cerca de 3,5 mil espécies de plantas; 325 espécies de peixes; 53 espécies de anfíbios; 98 espécies de répteis; 656 espécies de aves; e 159 tipos de mamíferos.
Além dessa biodiversidade, a região tem uma importância significativa para o ciclo de cheia no Pantanal. “A Serra do Amolar, na planície de inundação, funciona como um funil que controla o fluxo das águas norte – sul, assim inundado as diversas baías e lagoas que se encontram na região acima. Caracterizando assim o chamado gargalo Paraguai”, explica o biólogo no Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Wener Hugo Moreno.
Para o presidente do IHP, Angelo Rabelo, a atual situação das queimadas é grave e representa um desafio para os combatentes mobilizados, principalmente por causa da fumaça gerada.
"Esse cenário de graves incêndios surpreendeu muito. Temos uma grande perda da biodiversidade em uma área de conservação na Bolívia e que agora gera repercussão no Brasil. Essa grande linha de fogo está também na iminência de causar danos para comunidades, como é o caso do Território Indígena Guató. Já existe uma mobilização importante, que envolve o Prevfogo/Ibama, a Brigada Alto Pantanal e o Corpo de Bombeiros. Mas o que temos pela frente é um grande desafio, principalmente por conta das situações extremas de temperatura e baixa umidade do ar".
Segundo o IHP, a linha de fogo que ameaça as áreas tem cerca de 60 quilômetros de extensão. Na Bolívia, o Pantanal é chamado de "Chaco" e o encontro dos territórios da maior planície alagável de água doce do mundo entre os países ocorre na região da Serra do Amolar.
🔥⚠️O fogo consome o Pantanal há mais de três meses. Segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ), quase 3 milhões de hectares foram destruídos pelas chamas, o que deixa um rastro de devastação ambiental e morte de animais. Para se ter uma dimensão, a área completamente destruída representa cerca de 19% de todo o território pantaneiro no Brasil.
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Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:FONTE: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2024/09/10/serra-do-amolar-o-que-incendios-tem-colocado-em-risco-no-santuario-do-pantanal.ghtml