Justiça condena ex-prefeitos de Campo Grande por esquema de fraude em contratos de tapa-buracos
17/11/2025
(Foto: Reprodução) À esquerda, Gilmar Olarte, à direta, Nelsinho Trad.
Reprodução
Os ex-prefeitos de Campo Grande, Nelsinho Trad (PSD-MS), hoje senador, e Gilmar Olarte foram condenados por improbidade administrativa. A decisão é de primeira instância e está ligada a irregularidades em contratos de tapa-buracos firmados pela prefeitura entre 2010 e 2015. Além deles, ex-secretários, servidores e empresários também foram condenados. A sentença ainda cabe recurso.
(CORREÇÃO: ao publicar esta reportagem, o g1 errou ao informar que Bertholdo Figueiró Filho, Cleber de Oliveira, Elias Lino da Silva, Fátima Rosa Cota Moral de Oliveira, Ivane Vanzella, Michel Issa Filho, Paulo Roberto Álvares Ferreira e Usimix Ltda. se tornaram réus por improbidade administrativa. Na verdade, o juiz rejeitou a denúncia contra eles. A informação foi corrigida às 10h42 desta terça-feira (18).)
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A decisão, divulgada em 12 de novembro pela 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Comarca de Campo Grande, aponta favorecimento a uma empresa de construção. Além dos ex-prefeitos, outros nove foram condenados:
André Luiz Scaff;
Elza Cristina Araújo dos Santos;
João Alberto Krampe Amorim dos Santos;
João Antônio de Marco;
João Parron Maria;
Proteco Construções Ltda.;
Semy Alves Ferraz;
Sylvio Darilson Cesco;
Valtemir Alves de Brito.
Em nota, a defesa do senador Nelsinho Trad informou que vai recorrer da decisão e reiterou "absoluta confiança na Justiça". Leia a nota do político na íntegra mais abaixo. O g1 também tentou contato com a defesa dos demais condenados, mas não obteve retorno até a atualização desta reportagem.
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Inquérito investiga irregularidades em contratos públicos
A sentença determina ressarcimento milionário, aplicação de multas, perda de bens, suspensão de direitos políticos e proibição de contratar com o poder público. O inquérito investigou irregularidades na prestação de serviços de recapeamento e tapa-buracos nas vias públicas de Campo Grande.
Segundo denúncia do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), a investigação conseguiu identificar um esquema de desvios de recursos públicos por meio de contratos. A partir da apuração, foi identificada a participação de servidores e empresários no esquema.
Segundo o MPMS, entre 2010 e 2012, cerca de 30 contratos foram firmados, totalizando mais de R$ 372 milhões até janeiro de 2015, sem que os serviços justificassem o valor pago.
Irregularidades em contratos
A investigação indicou que Nelsinho Trad homologou edital de licitação com irregularidades para direcionar o processo e mantinha relação próxima com sócios da empresa beneficiada. O resultado, segundo a decisão, foi a má execução dos serviços e o pagamento de R$ 4,8 milhões. Na condenação, o senador recebeu a pena de suspensão dos direitos políticos por 12 anos e multa civil de R$ 700 mil.
No caso de Gilmar Olarte, a investigação aponta que ele atuou para favorecer terceiros, causando perde de dinheiro público. Após assumir o Executivo com a cassação de Alcides Bernal, nomeou aliados, entre eles André Luiz Scaff, para retomar um contrato nº 054/2012 e liberar pagamentos considerados indevidos. A decisão determinou suspensão dos direitos políticos por 10 anos e multa civil de R$ 700 mil.
Em relação a André Luiz Scaff, ficou reconhecido que, no exercício do cargo, ele influenciou a retomada do contrato nº 054/2012 e liberou verbas públicas de forma indevida por meio de uma empresa, mesmo ciente da má execução dos serviços.
As sanções aplicadas incluem devolução do dinheiro público, perda da função pública — com cassação de eventual aposentadoria concedida na função —, suspensão dos direitos políticos por 8 anos, multa civil de R$ 300 mil, além de não poder contratar com o poder público ou receber incentivos fiscais, ou creditícios, direta ou indiretamente, pelo prazo de 8 anos.
Conclusões da investigação
Operação tapa-buraco tem desdobramento em 2025.
Reprodução/TV Morena
A Justiça concluiu que havia um esquema estruturado para desviar recursos públicos. O funcionamento incluía direcionamento de licitações por meio de regras que restringiam a concorrência, cobrança acima do preço real e execução dos serviços de forma mais onerosa do que a necessária.
Após a assinatura dos contratos, iniciou-se a etapa de execução, marcada por sobrepreço, falsificação de medições e pagamento por serviços não realizados ou executados de forma inadequada.
Leia na íntegra a nota do senador Nelsinho Trad:
"Cumpre destacar que o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) ajuizou doze ações de improbidade administrativa com o mesmo objeto entre os anos de 2016 e 2017. Destas, quatro já foram arquivadas após decisão judicial que reconheceu a inexistência de qualquer irregularidade praticada pelo senador Nelsinho Trad. Diante desse histórico, a defesa reitera absoluta confiança na Justiça e informa que irá recorrer da decisão".
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